Endossando as palavras do Victor: excelente texto, professores!
Confesso que eu mesma, como estudante de Ciências Sociais, também compartilhei desse pensamento — até começar a atuar na área de Monitoramento & Avaliação. Hoje, utilizo uma ampla gama de métodos quantitativos e qualitativos na avaliação e na construção de sistemas de M&A. Além disso, as avaliações de impacto econométricas, como as realizadas pelo J-PAL, têm se mostrado excelentes fontes de evidências para a formulação de políticas públicas e programas voltados ao combate à pobreza.
Jéssica, isso que você traz é uma realidade que ainda é difícil de passar para os estudantes na Universidade. É difícil mostrar que a atividade profissional, de certa forma, impõe desafios que vão requerer uma maior amplitude no pensamento e uma maior flexibilidade para incorporar novos métodos, tanto quantitativos, quanto qualitativos. Como o foco da formação acadêmica ainda é a propria atuação na academia, e como a academia faz mais estudos discursivos do que aplicados, os alunos não acreditam que há uma real necessidade de se colocarem abertos para aparender a fazer pesquisa de fato, para além das discussões literárias sobre autores. Sem contar o fato de que alguns são desestimulados por docentes quando buscam por si só alguma formação nesse sentido. Só que, embora a formação na graduação ainda seja fortemente voltada para a pós-graduação acadêmica, há cada vez menos espaço para atuação como campo de trabalho como docente universitário em universidades públicas. Por outro lado, há cada vez mais espaço para atuação profissional fora da academia. Isso, muitas vezes, gera um choque nos estudantes, quando terminam um curso de graduação e percebem que faltou uma formação metodológica sólida, aplicada às demandas da vida profissional de fato. Como você está mostrando com sua trajetória, atuar com questões sociais - e a área de monitoramento e avaliação é um campo com constante demanda por profissionais qualificados - requer mente aberta e disposição constante para aprender e estar sempre atualizado com recursos e métodos. A fundamentação teórica é a base de tudo, mas a aplicação dos conhecimentos em pesquisa, seja com métodos quantitativos, ou qualitativos é o que dá sentido à formação. É muito bacana conhecer a sua caminhada após a conclusão do curso na UEL!!
Excelentes colocações professor. Estou sempre acompnhando por aqui e recomendando os cursos à outros colegas que queiram aprender mais e se colocar melhor no mercado de trabalho!
É uma pena que, de fato, tenhamos tantos déficits no ensino de matemática ao longo da trajetória dos alunos no colégio. No caso do estudante médio de ciências humanas, a situação parece piorar, me parece, ao longo do ensino superior, uma vez que não é difícil se deparar com grades curriculares (seja em graduações em ciências sociais, sociologia, antropologia, entre outras) que praticamente negligenciam as disciplinas de metodologia, reservando a elas apenas um ou dois semestres. Quando isso acontece, dificilmente o aluno encontra uma situação de real contato com as possibilidades criativas da mobilização de métodos quantitativos nas ciências humanas. E isso por vários motivos - incluindo aí a (ainda) baixa quantidade de professores especializados em tais métodos nos departamentos de nossos cursos de humanas.
Enfim, muita coisa a ser explorada! Só o fato de termos acesso fácil a um conteúdo hoje como o AQMS já mostra que as coisas estão mudando aos pouquinhos.
É isso, Victor! Estando na Universidade há tanto tempo, percebo isso mesmo que você descreveu. As disciplinas de metodologia ficam isoladas e se reforça uma ideia equivocada de que "fazer estudos teóricos" dispensa a necessidade de formação em métodos de pesquisa, sejam quantitativos ou qualitativos (ou ambos, o que é o ideal). Há uma escala invisível de prestígio acadêmico, quanto mais "teórico", mais de "alto nível" seria o estudo. Felizmente essa visão está mudando. Hoje é mais aceito que não há pesquisa sem teoria, nem teoria que faça sentido sem pesquisa aplicada. Mas, ainda como você menciona, faltam pessoas com essa formação nos departamentos de ciências sociais e humanas. Está mudando devagar, o importante é seguir em frente 🙂
Endossando as palavras do Victor: excelente texto, professores!
Confesso que eu mesma, como estudante de Ciências Sociais, também compartilhei desse pensamento — até começar a atuar na área de Monitoramento & Avaliação. Hoje, utilizo uma ampla gama de métodos quantitativos e qualitativos na avaliação e na construção de sistemas de M&A. Além disso, as avaliações de impacto econométricas, como as realizadas pelo J-PAL, têm se mostrado excelentes fontes de evidências para a formulação de políticas públicas e programas voltados ao combate à pobreza.
Jéssica, isso que você traz é uma realidade que ainda é difícil de passar para os estudantes na Universidade. É difícil mostrar que a atividade profissional, de certa forma, impõe desafios que vão requerer uma maior amplitude no pensamento e uma maior flexibilidade para incorporar novos métodos, tanto quantitativos, quanto qualitativos. Como o foco da formação acadêmica ainda é a propria atuação na academia, e como a academia faz mais estudos discursivos do que aplicados, os alunos não acreditam que há uma real necessidade de se colocarem abertos para aparender a fazer pesquisa de fato, para além das discussões literárias sobre autores. Sem contar o fato de que alguns são desestimulados por docentes quando buscam por si só alguma formação nesse sentido. Só que, embora a formação na graduação ainda seja fortemente voltada para a pós-graduação acadêmica, há cada vez menos espaço para atuação como campo de trabalho como docente universitário em universidades públicas. Por outro lado, há cada vez mais espaço para atuação profissional fora da academia. Isso, muitas vezes, gera um choque nos estudantes, quando terminam um curso de graduação e percebem que faltou uma formação metodológica sólida, aplicada às demandas da vida profissional de fato. Como você está mostrando com sua trajetória, atuar com questões sociais - e a área de monitoramento e avaliação é um campo com constante demanda por profissionais qualificados - requer mente aberta e disposição constante para aprender e estar sempre atualizado com recursos e métodos. A fundamentação teórica é a base de tudo, mas a aplicação dos conhecimentos em pesquisa, seja com métodos quantitativos, ou qualitativos é o que dá sentido à formação. É muito bacana conhecer a sua caminhada após a conclusão do curso na UEL!!
Excelentes colocações professor. Estou sempre acompnhando por aqui e recomendando os cursos à outros colegas que queiram aprender mais e se colocar melhor no mercado de trabalho!
Excelente texto, professores. Obrigado!
É uma pena que, de fato, tenhamos tantos déficits no ensino de matemática ao longo da trajetória dos alunos no colégio. No caso do estudante médio de ciências humanas, a situação parece piorar, me parece, ao longo do ensino superior, uma vez que não é difícil se deparar com grades curriculares (seja em graduações em ciências sociais, sociologia, antropologia, entre outras) que praticamente negligenciam as disciplinas de metodologia, reservando a elas apenas um ou dois semestres. Quando isso acontece, dificilmente o aluno encontra uma situação de real contato com as possibilidades criativas da mobilização de métodos quantitativos nas ciências humanas. E isso por vários motivos - incluindo aí a (ainda) baixa quantidade de professores especializados em tais métodos nos departamentos de nossos cursos de humanas.
Enfim, muita coisa a ser explorada! Só o fato de termos acesso fácil a um conteúdo hoje como o AQMS já mostra que as coisas estão mudando aos pouquinhos.
É isso, Victor! Estando na Universidade há tanto tempo, percebo isso mesmo que você descreveu. As disciplinas de metodologia ficam isoladas e se reforça uma ideia equivocada de que "fazer estudos teóricos" dispensa a necessidade de formação em métodos de pesquisa, sejam quantitativos ou qualitativos (ou ambos, o que é o ideal). Há uma escala invisível de prestígio acadêmico, quanto mais "teórico", mais de "alto nível" seria o estudo. Felizmente essa visão está mudando. Hoje é mais aceito que não há pesquisa sem teoria, nem teoria que faça sentido sem pesquisa aplicada. Mas, ainda como você menciona, faltam pessoas com essa formação nos departamentos de ciências sociais e humanas. Está mudando devagar, o importante é seguir em frente 🙂